segunda-feira, 8 de maio de 2017

A França escolhe se tornar um Califado

Encerrando nossa cobertura das eleições francesas mais um texto do jurista e comentador político Taiguara Fernandes: 

Acabei de ver o discurso de Marine Le Pen, reconhecendo a derrota. A avaliação que ela faz é correta: no primeiro turno das eleições francesas, ocorreu a queda das forças tradicionais do espectro político; no segundo turno, houve uma recomposição deste espectro, não mais dividido entre direita e esquerda, mas entre patriotas e globalistas.
Essa recomposição é um convite eloquente ao surgimento, como ela falou, de uma "nova força política", que deverá ser cada vez mais parecida com o bem-sucedido UKIP, dos britânicos, e se formará pela manutenção da aliança com o Debout la France, de Nicolas Dupont-Aignan (que já carrega consigo parte de Les Républicains). Por isso, no ato, Marine Le Pen mesma renunciou ao posto de líder do (antigo?) Front National.
Conquistando mais de 1/3 dos votos válidos, a proposta patriótica criou uma base firme -- ainda que derrotada -- para o futuro (se houver).
Na prática, Macron só foi eleito com 38% dos votos, pois o índice de abstenções, brancos e nulos, juntos, foi igualmente de 38%. Marine Le Pen, portanto, teve 24% dos votos reais.
Isso demonstra que a proposta patriótica e eurocética é viável e que existe um amplo terreno para trabalhá-la (pelo menos tão amplo quanto a própria votação de Macron). Mas isso não poderá ser feito através do Front National, cuja carga histórica é um impedimento. O partido precisa, portanto, ser refundado.
A ausência de Marion Maréchal-Le Pen se explica: se ela será "a nova cara" desta nascente força política, como alguns dizem, então ela não pode estar presente no instante em que a antiga força morre.
Até a próxima eleição presidencial francesa, se ainda houver França. (Nota do Editor) 
*Título também é acréscimo do editor

Nenhum comentário:

Postar um comentário